terça-feira, 24 de agosto de 2010

Aston Villa vive a semana mais importante da temporada

Uma nuvem carregada de incertezas paira sobre o Villa Park desde o pedido de demissão de Martin O'Neill, a menos de uma semana do início da Premier League. Duas semanas se passaram e a decisão do proprietário do Aston Villa, Randy Lerner, de protelar o anúncio do novo técnico ameaça arruinar a temporada do clube.

O técnico interino, Kevin MacDonald, comandou a equipe na vitória de 3-0 sobre o West Ham United, na partida de estreia da Premier League, e no empate em 1-1 diante do Rapid Wien, na Áustria, pela fase de playoffs da Europa League. Os dois resultados e a preferência em escalar jogadores formados nas categorias de base transformaram o escocês no favorito para substituir O'Neill. Entretanto, qualquer expectativa de ser efetivado no cargo ruiu no jogo seguinte, em St. James' Park. Após John Carew desperdiçar um pênalti, o time perdeu o equilíbrio emocional e sofreu uma histórica goleada de 6-0 para o Newcastle United.

No futebol inglês, nenhum cargo possui uma simbologia tão rica quanto o do manager. A posição é considerada a mais importante para o funcionamento do clube, já que define toda e qualquer política de futebol. O único limite é o orçamento para transferências, definido pelo proprietário. Por tudo isso, é compreensível que Randy Lerner relute em fazer uma escolha apressada. Ainda assim, é preciso chegar num ponto de equilíbrio, para que planejamento estudado não se confunda com morosidade.

A atuação apática em St. James' Park demonstra que o futuro técnico terá um trabalho árduo para manter o clube entre os seis primeiros da Premier League, ainda mais se o elenco não for reforçado. No período em que dirigiu o Aston Villa, O'Neill sempre preferiu escalar a equipe com base em um grupo de 15 atletas. Na última temporada, Brad Friedel, Richard Dunne, Stiliyan Petrov, James Milner e Ashley Young participaram de 35 partidas ou mais. Quando um jogador importante sofre uma lesão séria, o impacto é imediatamente sentido. Um bom exemplo é a forte queda na segunda metade da campanha 2008/09, que coincidiu com a série lesão no joelho sofrida por Martin Laursen e resultou na aposentadoria precoce do zagueiro dinamarquês.

Nenhum clube sério negocia sem ter um técnico no comando da política de futebol. Sem o anúncio de um manager, o Aston Villa está com as mãos atadas e sem rumo no mercado de transferências, que se encerra já na próxima terça-feira, 31 de agosto. O único acordo realizado no verão, a saída de James Milner para o Manchester City em troca de Stephen Ireland e £ 18 milhões, só aconteceu por ter sido uma herança de O'Neill. Por isso, a pressão é para que Lerner defina o mais rapidamente possível o novo homem.

Se era exagerado o otimismo pós-vitória sobre o West Ham United, o mesmo se aplica aos clamores de terra arrasada depois da goleada sofrida em Newcastle. Ainda assim, a derrota serve como um alerta para as fragilidades do elenco do Aston Villa.

É normal que torcedores se excitem ao ver jovens formados pelo clube brilharem em campo, porém é importante ter calma. Por mais salutar que seja dar oportunidade a garotos, a partida de St. James' Park mostra que eles não estão preparados para maiores responsabilidades. O zagueiro Ciaran Clark foi completamente dominado por Andy Carroll, enquanto Marc Albrighton, excelente diante dos Hammers, esteve anônimo em campo.

"Pode ter sido um pouco exagerado escalar dois garotos que tiveram muito bom desempenho (na estreia)... talvez eu tenha cometido um pequeno erro na escalação", reconheceu o interino Kevin MacDonald na entrevista pós-jogo. Ao readquirirem a forma física, James Collins e Gabby Agbonlahor devem retornar ao time titular, mas a inconsistência dos jovens ilustra a falta de opções no elenco do Aston Villa.

Os indícios de que não há dinheiro disponível para reforçar o elenco são preocupantes. O braço direito de Lerner, Charles Krulak, veio a público esclarecer que a folha salarial corresponde a 85% das receitas do clube e que, por essa razão, O'Neill não receberia fundos para buscar novos atletas. Será que a posição será a mesma para o novo técnico?

A percepção de que o Aston Villa fez um excelente negócio ao trocar Milner por Ireland e £ 18 milhões só se confirma se o clube colocar o dinheiro no orçamento de transferências. Com esse valor, um técnico astuto poderia até trazer quatro jogadores capazes de solucionar as carências do elenco.

É chegado o momento de Lerner tomar decisões: quem será o novo técnico e, principalmente, quanto ele poderá investir.

No momento, os indicativos sinalizam que o grupo de jogadores não será alterado até janeiro. Má notícia para a torcida, que pode ver a temporada do clube desaparecer em meio à inércia.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A lição de Berna

O título da coluna de Harry Redknapp no The Sun da quinta-feira passada, dia seguinte à vitória da Inglaterra de Capello sobre a Hungria, era "Táticas não vencem partidas". Para ser justo ao técnico do Tottenham Hotspur, a manchete foi escrita por um dos editores do jornal, porém o espírito do texto era de que o futebol "é 10% baseado em esquemas táticos e 90% nos jogadores".

A história do futebol é repleta de casos em que a estrutura tática de uma equipe é central para o sucesso nos gramados. A Grécia, dirigida por Otto Rehhagel, conquistou a Euro 2004 ao explorar lapsos defensivos dos adversários, enquanto garantia risco mínimo em sua própria retaguarda. Na própria Inglaterra, Brian Clough construiu duas equipes vencedoras (Derby County e Nottingham Forest) sem contar com estrelas do mesmo nível dos rivais. O trunfo do técnico era a disciplina dentro de campo. Ainda assim, Redknapp, como muitos outros, tem uma visão ingênua e simplista do esporte.

A escalação do Tottenham Hotspur diante do Young Boys sinalizava uma equipe ofensiva, preparada para dominar a partida desde o apito inicial do árbitro Frank De Bleeckere. Ainda assim, ao optar pelo 4-4-2, no confronto de ida e fora de casa, Redknapp colocou o próprio time em situação de perigo.

O ataque era formado por Jermain Defoe, em péssimo momento, e Roman Pavlyuchenko. Ainda que sejam dois atletas com retrospecto de gols, nenhum deles é eficiente na pressão da saída de bola adversária. No meio-campo, dois jogadores leves: Luka Modrić e Giovani dos Santos. Não foi por acaso que o Young Boys exerceu controle absoluto nos primeiros 30 minutos, quando então Redknapp decidiu introduzir Tom Huddlestone para reforçar a proteção aos zagueiros.

"Nós os assistimos no sábado e eles estiveram mal", disse o técnico dos Spurs para justificar a escalação equivocada. Apesar do esforço em esconder, fica claro que Redknapp subestimou o adversário e acreditou que a superioridade técnica dos Spurs seria suficiente para uma vitória tranquila. Para ter sucesso na Champions League, é preciso compreender a insuficiência do trivial 4-4-2. Não por acaso, Sir Alex Ferguson só utiliza o esquema para enfrentar as equipes da metade inferior da Premier League, mesmo que tenha atacantes superiores e mais participativos do que Defoe e Pavlyuchenko.

A derrota na Suíça foi inesperada, mas o Young Boys mostrou que a eliminação do Fenerbahçe não foi fruto de um golpe de sorte. O fato positivo para a torcida do Tottenham Hotspur é que a reação evitou um desastre e que a lição tática deve trazer benefícios no futuro, caso o time avance até a fase de grupos. Se tivesse conquistado uma vitória fácil, Harry Redknapp teria sido aplaudido e possivelmente estaria encorajado a repetir a estratégia contra equipes de maior poderio.

Até efetivar a contratação de um atacante capaz de atuar sozinho na frente, Redknapp faria bem ao escolher o 4-4-1-1 para as competições europeias. Com a adequada proteção ao setor defensivo e um jogador dinâmico na ligação entre meio-campo e ataque, os Spurs evitariam novos traumas.

Se aliar os reforços adequados à lição de Berna, o Tottenham Hotspur tem potencial para sonhar até com uma vaga nas oitavas de final da Champions League. Porque como José Mourinho e Rafa Benítez ensinaram, o segredo do sucesso no futebol de alto nível é baseado na organização tática.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Chelsea opta pela estabilidade para conquistar o bi

Um verão de tranquilidade em Stamford Bridge. Após a conquista do Double na última temporada, o Chelsea aposta na manutenção de um time vencedor como o grande trunfo na defesa do título da Premier League. Para a partida de estreia, contra o West Bromwich Albion, o técnico Carlo Ancelotti deve mandar a campo uma equipe sem caras novas.

A política de continuidade não é nova. Os reforços Yossi Benayoun, ex-Liverpool, e Ramires, vindo do Benfica, elevam para onze o número de contratações desde que José Mourinho deixou o comando técnico, em setembro de 2007. É pouco para um integrante da elite europeia e a estratégia traz efeitos colaterais. O elenco conta com vários jogadores com idade próxima ou acima dos 30 anos e há dificuldades para preencher a nova cota de atletas formados na Inglaterra. Entretanto, Ancelotti acredita que as vantagens conquistadas com a experiência e a familiaridade superam o risco de estagnação.

Embora não seja a situação ideal, Nicolas Anelka deve permanecer no lado direito do trio de ataque. Como há muitos meio-campistas para a faixa central e poucos wingers em Stamford Bridge, seria arriscado para o Chelsea trocar o bem-sucedido 4-3-3 pelo 4-4-2 convencional. E mesmo que as saídas de Michael Ballack (26 partidas como titular na Premier League 2009/10) e Joe Cole possam ser sentidas num primeiro momento, Ancelotti tem confiança de que Ramires e Benayoun são alternativas superiores.

O retorno de Michael Essien representa a melhor notícia do verão para o técnico do Chelsea. Sem jogar pelo clube desde dezembro, o ganês é um reforço considerável e dá a oportunidade para que Ancelotti introduza Ramires ao ritmo frenético da Premier League sem pressa. Contratado para ser o box-to-box do lado direito do meio-campo, o brasileiro de 23 anos ameaça a presença de John Obi Mikel entre os titulares.

A chegada de Ramires permite a Ancelotti utilizar Essien como médio-defensivo, num trio que ainda contaria com Frank Lampard pela esquerda. Caso opte pelo 4-4-2, um quarteto formado por Ramires, Essien, Lampard e Florent Malouda seria uma aposta interessante. A possível contratação de Mesut Özil, do Werder Bremen, abriria novas possibilidades ao técnico italiano, além de calar as críticas de que o setor carece de criatividade após a saída de Joe Cole.

Ancelotti tem motivos para ficar preocupado com a falta de alternativas aos atacantes titulares. Salomon Kalou não é mais do que razoável, enquanto Daniel Sturridge ainda precisa justificar o hype em torno de si. Além disso, o elenco envelhecido é cada vez mais suscetível a lesões. O goleiro Petr Čech, o lateral-direito José Bosingwa, o zagueiro Alex e o avançado Didier Drogba são dúvidas para a estreia na Premier League.

Os mais recentes boletins médicos indicam que Alex pode ficar de fora das duas rodadas iniciais, entretanto Bosingwa ainda não tem data para retornar. Com a saída de Ricardo Carvalho para o Real Madrid, a comissão técnica dos Blues tem muito a pensar sobre a composição da linha defensiva. A emergência pode fazer com que Ancelotti reveja as prioridades no mercado de transferência. A busca por Özil corre risco de ficar em segundo plano, com maior destaque à procura por um substituto imediato ao zagueiro português.

Na situação atual, Paulo Ferreira deve ser o lateral-direito titular para a partida diante do West Bromwich Albion. O subestimado Branislav Ivanović passa a ser o companheiro de John Terry na zaga até o retorno de Alex, com o jovem Jeffrey Bruma promovido ao quarto posto na hierarquia dos defensores centrais.

Mesmo desfalcado, o Chelsea de Ancelotti segue como o time a ser batido na Premier League.

Provável equipe titular (4-3-3): Petr Čech; José Bosingwa, Alex, John Terry e Ashley Cole; Ramires, Michael Essien e Frank Lampard; Nicolas Anelka, Didier Drogba e Florent Malouda.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Perto da Champions League, Tottenham Hotspur planeja abandonar o bem-sucedido 4-4-2

O técnico do Tottenham Hotspur, Harry Redknapp, não perde o hábito. Sempre que vê um repórter, comenta aos quatros ventos o desejo de contratar este e aquele jogador, com objetivo nítido de criar efeito. No período de pré-temporada, o veterano manager já destacou que sonha com três novos reforços, numa demonstração de que a equipe atual ainda é um trabalho em progresso.

É compreensível que o presidente do clube, Daniel Levy, relute em fazer pesados investimentos. O elenco que conquistou a quarta posição na temporada 2009/10 continua intacto, sem uma única saída, e Redknapp tem um mínimo de dois jogadores para cada posição. Para completar, alguns reservas, como Niko Kranjčar, Jamie O'Hara e Peter Crouch, teriam vaga garantida em mais da metade das equipes da Premier League.

Ainda assim, é fácil entender o pensamento do técnico. Depois de uma nova leva de contratações, o Manchester City promete ser um adversário ainda mais poderoso e Redknapp começa a enxergar que, coletivamente, o ataque dos Spurs tem problemas. Ele quer e precisa de alternativas que ofereçam algo diferente. Mesmo que jamais tenha admitido abertamente, o manager sabe que nenhum dos quatro avançados do elenco (Jermain Defoe, Roman Pavlyuchenko, Robbie Keane e Crouch) é capaz de jogar sozinho na frente.

Keane teve queda técnica desde a passagem pelo Liverpool, Pavlyuchenko ainda sofre com a desconfiança de Redknapp, enquanto Defoe e Crouch parecem só render ao máximo quando atuam juntos. Por conta disso, os Spurs foram praticamente forçados a atuar no 4-4-2 na temporada passada. Com apenas o Young Boys, da Suíça, no caminho até a fase de grupos da Champions League, o técnico parece ter decidido que é preciso alterar o sistema tático.

"Eu acredito que você pode ter sucesso com o 4-4-2 na Premier League, pois a maioria dos times joga aberto, mas na Europa, e certamente nas partidas fora de casa por competições continentais, nós vamos precisar reavaliar o nosso estilo", disse Redknapp ao final de julho. "Chelsea e Arsenal não se classificaram para a Champions League com esse esquema, o Liverpool não atua fora de casa na Europa dessa forma. Nós estávamos usando um sistema muito ofensivo que não era realmente adequado para conquistar os resultados que precisávamos", completou.

A maior preocupação do técnico é a vulnerabilidade dos Spurs aos contra-ataques adversários. Por isso, Redknapp optou por dois médios-defensivos (Tom Huddlestone e Wilson Palacios) na pré-temporada, com a equipe frequentemente escalada no 4-2-3-1. A introdução do sistema explica por que o clube tentou contratar Scott Parker, do West Ham United, mesmo depois de anunciar a futura chegada de Sandro por £ 6 milhões,

O abandono do 4-4-2 também livraria Redknapp do dilema de escolher Gareth Bale, melhor jogador da reta final da Premier League 2009/10, ou Luka Modrić para atuar no flanco esquerdo. Nas últimas rodadas da temporada passada, o croata precisou ser deslocado para o centro do meio-campo quando o galês não era obrigado a atuar na lateral, na ausência de Benoît Assou-Ekotto.

A alternativa de alinhar o trio Aaron Lennon, Modrić e Bale, atrás de um único atacante, é superior a qualquer outra no atual elenco dos Spurs. Ciente disso e da proximidade do fechamento da janela de transferências, Redknapp parece cada vez mais desesperado. Até a chegada de um jogador capaz de ser referência ofensiva, o 4-2-3-1 não passa de uma ilusão.

Assim que consiga buscar o atacante desejado, o técnico deve partir atrás do objetivo secundário: Craig Bellamy, do Manchester City, ou Ashley Young, do Aston Villa. A contratação de um deles daria ao Tottenham Hotspur fartura de opções nos flancos. Com dois médios-defensivos, haveria proteção defensiva suficiente para o recuo de Bale para a lateral e a entrada do novo reforço no meio-campo, ao lado de Lennon e Modrić.

Duas contratações e os Spurs de Redknapp se transformam numa equipe formidável. Entretanto, o técnico ainda quer mais um nome, para o centro da defesa. Uma lesão crônica no joelho não permite que Ledley King possa jogar duas partidas por semana, enquanto Jonathan Woodgate preocupa pelas contusões que o afastam por longos períodos. Seria um investimento vital, caso contrário, numa temporada em que lutará em quatro frentes, o clube se tornaria refém das condições físicas de Michael Dawson e Sébastien Bassong.

Provável equipe da estreia (4-4-2): Heurelho Gomes; Vedran Ćorluka, Michael Dawson, Ledley King e Gareth Bale; Aaron Lennon, Wilson Palacios, Tom Huddlestone e Luka Modrić; Jermain Defoe e Roman Pavlyuchenko.

Equipe dos sonhos de Redknapp (4-2-3-1): Heurelho Gomes; Vedran Ćorluka, Jonathan Woodgate, Ledley King e Gareth Bale; Sandro e Wilson Palacios; Aaron Lennon, Luka Modrić e Craig Bellamy/Ashley Young; novo atacante/Jermain Defoe.

Manchester City aposta na riqueza do elenco

Peso pesado no mercado de transferências desde que adquirido pelo Abu Dhabi United Group, o Manchester City comete o erro de investir alto sem uma estratégia definida. Apesar disso, o técnico Roberto Mancini se esforça para dar cara ao time para a temporada 2010/11. De acordo com o italiano, a equipe que derrotou o Valencia, no último amistoso antes da estreia na Premier League, deve ser a mesma para iniciar o confronto contra o Tottenham Hotspur. Na ocasião, os Blues entraram em campo com Joe Hart; Micah Richards, Jérôme Boateng, Vincent Kompany e Aleksandar Kolarov; Nigel de Jong, Yaya Touré, Gareth Barry e David Silva; Carlos Tévez e Emmanuel Adebayor.

Se Mancini mudar de ideia após a partida de White Hart Lane, então a maior probabilidade é de que as alterações aconteçam na defesa. Recuperado de lesão no ombro, Shay Given atuou nos 45 minutos finais contra o Valencia e pode recuperar a titularidade no gol. No último teste, Boateng iniciou a partida como zagueiro, mas trocou de posição com Richards depois de 20 minutos. Enquanto Kompany aparece como o maior favorito para ficar com uma das vagas na zaga, a presença de Kolarov na lateral-esquerda é a única certeza. Kolo Touré e Joleon Lescott tiveram desempenho abaixo das expectativas na temporada 2009/10 e precisam reagir caso queiram permanecer em Eastlands. Com grande variedade de opções, o City ainda sente a ausência de um defensor central de primeiríssima linha para montar uma séria candidatura ao título da Premier League.

O ponto forte dos Blues reside no meio-campo. Seja qual for o final da novela em torno de James Milner, Mancini tem pelo menos duas opções para cada posição, independente do esquema tático utilizado. Mesmo que tenha montado o setor em losango contra o Valencia, com de Jong à frente da defesa, Yaya Touré no lado direito, Barry na esquerda e Silva no topo, a expectativa é de que o técnico alterne entre o 4-1-3-2, nos jogos no The City of Manchester Stadium, e o 4-2-3-1, para os confrontos como visitante.

Mancini não esconde que deve promover um rodízio entre os jogadores, algo obrigatório para um clube que tem um elenco tão vasto e caro para disputar as quatro competições da temporada. Apesar das mudanças constantes, uma marca do italiano deve ser a presença constante de, no mínimo, um médio-defensivo. São cinco especialistas na função, mais o versátil Pablo Zabaleta.

No rodízio de Mancini, alguns jogadores devem aparecer bastante, casos de Yaya Touré, contratado a peso de ouro (salário mensal de £ 800 mil, de acordo com a mídia inglesa), Kolarov, Silva e Tévez. A estratégia, porém, tem seus efeitos colaterais: dificulta o entrosamento, a possibilidade de que a equipe renda acima da soma dos talentos e inibe o surgimento de líderes em campo.

O título inglês estaria muito próximo do Manchester City se os sonhos de trazer Fernando Torres, Edin Džeko ou David Villa tivessem se tornado realidade. Ainda assim, é preciso respeitar um ataque que, além de Tévez, conta com Adebayor (14 gols em apenas 25 partidas como titular na Premier League 2009/10) e o possível reforço do promissor Mario Balotelli, aposta pessoal do técnico.

Resta saber ainda o quanto Mancini pretende escalar Adam Johnson, de excelentes atuações desde que foi contratado em janeiro. Jovem e com grande potencial, o ex-winger do Middlesbrough figura nos planos da Inglaterra de Capello, mas pode acabar na reserva, como mais uma vítima do assustador poderio do elenco dos Blues.

Na temporada 2010/11, o Manchester City colocará à prova uma velha teoria do futebol, de que é preciso um grupo de jogadores forte e numeroso para vencer uma liga nacional. E quem teria coragem de subestimá-los?

Provável equipe titular (4-1-3-2): Shay Given; Jérôme Boateng, Kolo Touré, Vincent Kompany e Aleksandar Kolarov; Nigel de Jong; David Silva, Yaya Touré e Gareth Barry; Carlos Tévez e Emmanuel Adebayor.

Provável equipe titular a partir de setembro (4-1-3-2): Shay Given; Jérôme Boateng, Kolo Touré, Vincent Kompany e Aleksandar Kolarov; Yaya Touré; David Silva, James Milner e Gareth Barry; Carlos Tévez e Emmanuel Adebayor/Mario Balotelli.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Lesões podem transformar o sonho de Hodgson em pesadelo

Ao assumir o comando do Liverpool, Roy Hodgson tinha três opções para armar a equipe: iniciar o trabalho do ponto zero, manter o 4-2-3-1 de Rafa Benítez ou implantar o 4-4-1-1 de excelentes resultados no Fulham. Se levarmos em conta o time que derrotou o Rabotnički na última quinta-feira, em Anfield, fica evidente que o técnico prefere a terceira alternativa.

Embora a temporada esteja no começo e os planos podem sofrer mudanças de acordo com as atuações e o mercado de verão, não haveria motivos para Hodgson blefar ou fazer uma experiência sem pensar no médio ou longo prazo. Com o retorno de alguns jogadores que participaram da Copa do Mundo, o manager optou por utilizar Steven Gerrard no centro do meio-campo e Joe Cole como o elemento de ligação entre a linha intermediária e o único atacante, David Ngog.

Para a torcida do Liverpool, a forma como Hodgson pretendia utilizar Gerrard e Cole simultaneamente era um dos grandes mistérios da pré-temporada. A resposta do técnico parece ser de que ambos os jogadores jogarão na faixa central do campo, algo possível dentro do formato tático adotado e que corresponde aos pedidos públicos do ex-atleta do Chelsea.

Se Gerrard funciona melhor como médio-central ou atacante auxiliar é assunto a ser debatido, mas a decisão do manager é uma péssima notícia para Alberto Aquilani. Na equipe titular planejada por Hodgson não há lugar para o italiano, contratado em 2009 por £ 18 milhões, pois o recuo do capitão torna obrigatória a presença de um médio-defensivo. Como Javier Mascherano está próximo de ingressar a Internazionale, dirigida agora por Benítez, o provável substituto seria o dinamarquês Christian Poulsen, de malas prontas para trocar a Juventus pelo Liverpool.

Outra questão é o aproveitamento do recém-contratado Milan Jovanović. Trazido por Benítez, o ex-jogador do Standard Liège recebeu pouca atenção do clube e da imprensa na chegada, numa sugestão de que teria uma carreira curta e discreta em Anfield. Porém, o sérvio parece ser uma figura importante nos planos de Hodgson, principalmente pela disposição em atuar como winger, algo fundamental para que Cole e Gerrard joguem juntos no centro. "É claro que tenho minha própria opinião, mas não seria um problema se eu tiver que jogar no flanco esquerdo novamente", disse ele, após o amistoso contra o Kaiserslautern.

O meio-campo dos Reds é completado por Dirk Kuyt e Lucas, dois alvos de duras e injustas críticas. Essa pode não ser a equipe dos sonhos dos torcedores, mas dá para ser otimista e esperar um desempenho superior ao de 2009/10. Os pessimistas podem questionar a frequência com que Hodgson levará a campo os XI ideal, já que Cole e Fernando Torres iniciaram apenas 14 e 20 partidas, respectivamente, na temporada passada da Premier League. Sem eles, o Liverpool perde muita força e se transforma num time de segundo escalão.

Comparado aos rivais, os Reds têm um elenco fraco. A falta de opções é tão evidente que mesmo o boato de que o clube tem interesse no polivalente Paul Scharner, ex-Wigan Athletic, não soa ridículo. No momento, Hodgson está limitado a buscar, no máximo, três reforços, e é compreensível que ele prefira jogadores capazes de atuar em mais de uma posição. Caso contrário, as alternativas se limitam a Ngog, aos promissores (mas inexperientes) Martin Kelly e Dani Pacheco, ao irregular Ryan Babel e ao decepcionante Maxi Rodríguez. A dependência num grupo pequeno de atletas contrasta com a fartura de Chelsea, Manchester United, Manchester City, Arsenal e Tottenham Hotspur.

É este contraste o principal problema do Liverpool. Completo, o time pode sonhar alto. Desfalcado, a realidade aponta para uma nova temporada de frustrações.

Provável equipe titular (4-4-1-1): Pepe Reina; Glen Johnson, Jamie Carragher, Daniel Agger e Fábio Aurélio; Dirk Kuyt, Lucas, Steven Gerrard e Milan Jovanović; Joe Cole; Fernando Torres.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Arsenal: o quebra-cabeça de Wenger


Ao decidir adiar o sonho de retornar ao Barcelona, Cesc Fàbregas deu o impulso necessário para reacender as esperanças dos torcedores do Arsenal. Porém, para recolocar os Gunners no topo da Premier League, o técnico Arsène Wenger ainda precisa completar três tarefas: contratar um goleiro de alto nível, repor a saída de quatro zagueiros (William Gallas, Sol Campbell, Mickaël Silvestre e Philippe Senderos; até o momento apenas Laurent Koscielny foi contratado) e a solução de um problema crônico, as constantes lesões que assolam o elenco.

Uma boa notícia é que Wenger ainda tem quase três semanas para contratar e eliminar as carências do grupo de jogadores. A ruim é que, na reta final da pré-temporada, os antigos problemas físicos reapareceram com toda força no Emirates Stadium. Seis jogadores, cinco deles meio-campistas, são dúvidas para a partida de estreia diante do Liverpool, em Anfield, no domingo. Parece muito? Um ano atrás, oito atletas desfalcaram o time na primeira rodada da Premier League, em confronto contra o Everton em Goodison Park.

Se a situação é crítica, ao menos Wenger tem o consolo de ter um elenco grande e de qualidade. Com exceção do centro da defesa, o técnico francês tem pelo menos duas opções para cada posição. Dá até para dizer que, com todos os jogadores no melhor da forma física, o grupo do Arsenal não fica atrás de nenhum outro clube da Premier League, com exceção do Manchester City.

Uma peça fundamental no quebra-cabeça de Wenger é Samir Nasri. O ex-jogador do Olympique de Marseille deve iniciar o jogo em Anfield na função reservada ao capitão Fàbregas, ausente em razão do retorno tardio aos treinamentos. A grande questão para o técnico virá a seguir. Qual a melhor forma de utilizar o atleta francês: no meio-campo, ao lado do próprio espanhol num trio que ainda contaria com o mais defensivo Alex Song, ou no flanco direito? Seja qual for a resposta, ela terá consequências para outros jogadores, principalmente Theo Walcott, Abou Diaby e Denílson, além de afetar todo o equilíbrio do time.

Embora Nasri não conte com o mesmo status de Fàbregas, Robin van Persie e Andrei Arshavin junto aos torcedores, a montagem da equipe titular passa obrigatoriamente por ele. Utilizado no meio-campo de um 4-3-3, com Walcott no flanco direito, o Arsenal passa a ser uma equipe muito mais ofensiva (e também mais vulnerável) do que aquela que conta com Diaby ou Denílson no centro e o marselhês como winger.

Na defesa, é esperado que Johan Djourou seja escolhido como parceiro de zaga de Thomas Vermaelen, baseado na convicção de Wenger de que todo estreante na Premier League precisa passar por um período de seis meses de adaptação. O belga pode ter sido alçado imediatamente aos titulares na última temporada, mas ele tinha ao lado o experiente Gallas. Na lateral-direita, Emmanuel Eboué pode receber mais oportunidades se Bacary Sagna não repetir os desempenhos da campanha 2007/08.

Preocupante é a situação dos goleiros. De acordo os jornais ingleses, Mark Schwarzer, do Fulham, seria o nome preferido, mas o australiano está nos planos do técnico Mark Hughes e só uma proposta superior a £ 2 milhões tira o jogador de Craven Cottage. Com isso, Manuel Almunia e Łukasz Fabiański brigam pela titularidade para o confronto de Anfield. Enquanto o espanhol não inspira confiança contra os adversários mais poderosos, o ex-arqueiro do Legia Warszaw tem um currículo que impressiona pela quantidade de erros grotescos. Wenger ainda poderia optar pelo jovem Wojciech Szczęsny, de 20 anos e experiência limitada à League One, onde defendeu o Brentford por empréstimo. Independente de quem for o escolhido, a crise da posição ganha ares de negligência por parte do manager do Arsenal.

O fato do clube não ter contratado um novo goleiro é ainda mais surpreendente se contrastado com a força do grupo de jogadores do Arsenal. Kieran Gibbs, um dos quatro atletas a sofrer fratura nas pernas na última temporada, retorna e deve criar uma disputa com Gaël Clichy pela lateral-esquerda, o recém-contratado Marouane Chamakh oferece uma competente alternativa a van Persie, enquanto Aaron Ramsey voltará aos gramados antes de dezembro. Mesmo os contestados Eboué e Nicklas Bendtner representam boas opções pela versatilidade.

O Arsenal é um enigma. Tão próximo da excelência, pela força do elenco e pela qualidade do futebol que joga, quanto da decepção, por teimar em não aprender com os erros. Saberá Wenger montar o quebra-cabeça?

Provável equipe titular (4-2-1-3): Manuel Almunia; Bacary Sagna, Thomas Vermaelen, Johan Djourou e Gaël Clichy; Alex Song e Cesc Fàbregas; Samir Nasri; Theo Walcott, Robin van Persie e Andrei Arshavin.

Provável equipe da estreia (4-3-3): Manuel Almunia; Bacary Sagna, Thomas Vermaelen, Johan Djourou e Gaël Clichy; Samir Nasri, Denílson e Abou Diaby; Theo Walcott, Marouane Chamakh e Andrei Arshavin.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

A volta

E depois de mais de dois anos e meio de inatividade, o One Touch Football retorna.

Daqui a dez dias, Chelsea e Manchester United abrem oficialmente o calendário do futebol inglês no Community Shield. Em menos de três semanas, a edição 2010/11 da Premier League tem início. Porém, a temporada começa já amanhã, curiosamente em gramado macedônio, com a partida entre Rabotnički e Liverpool.

O momento da bola rolar está cada vez mais próximo e o
One Touch Football pretende acompanhar tudo com olhar crítico.