Ao assumir o comando do Liverpool, Roy Hodgson tinha três opções para armar a equipe: iniciar o trabalho do ponto zero, manter o 4-2-3-1 de Rafa Benítez ou implantar o 4-4-1-1 de excelentes resultados no Fulham. Se levarmos em conta o time que derrotou o Rabotnički na última quinta-feira, em Anfield, fica evidente que o técnico prefere a terceira alternativa.
Embora a temporada esteja no começo e os planos podem sofrer mudanças de acordo com as atuações e o mercado de verão, não haveria motivos para Hodgson blefar ou fazer uma experiência sem pensar no médio ou longo prazo. Com o retorno de alguns jogadores que participaram da Copa do Mundo, o manager optou por utilizar Steven Gerrard no centro do meio-campo e Joe Cole como o elemento de ligação entre a linha intermediária e o único atacante, David Ngog.
Para a torcida do Liverpool, a forma como Hodgson pretendia utilizar Gerrard e Cole simultaneamente era um dos grandes mistérios da pré-temporada. A resposta do técnico parece ser de que ambos os jogadores jogarão na faixa central do campo, algo possível dentro do formato tático adotado e que corresponde aos pedidos públicos do ex-atleta do Chelsea.
Se Gerrard funciona melhor como médio-central ou atacante auxiliar é assunto a ser debatido, mas a decisão do manager é uma péssima notícia para Alberto Aquilani. Na equipe titular planejada por Hodgson não há lugar para o italiano, contratado em 2009 por £ 18 milhões, pois o recuo do capitão torna obrigatória a presença de um médio-defensivo. Como Javier Mascherano está próximo de ingressar a Internazionale, dirigida agora por Benítez, o provável substituto seria o dinamarquês Christian Poulsen, de malas prontas para trocar a Juventus pelo Liverpool.
Outra questão é o aproveitamento do recém-contratado Milan Jovanović. Trazido por Benítez, o ex-jogador do Standard Liège recebeu pouca atenção do clube e da imprensa na chegada, numa sugestão de que teria uma carreira curta e discreta em Anfield. Porém, o sérvio parece ser uma figura importante nos planos de Hodgson, principalmente pela disposição em atuar como winger, algo fundamental para que Cole e Gerrard joguem juntos no centro. "É claro que tenho minha própria opinião, mas não seria um problema se eu tiver que jogar no flanco esquerdo novamente", disse ele, após o amistoso contra o Kaiserslautern.
O meio-campo dos Reds é completado por Dirk Kuyt e Lucas, dois alvos de duras e injustas críticas. Essa pode não ser a equipe dos sonhos dos torcedores, mas dá para ser otimista e esperar um desempenho superior ao de 2009/10. Os pessimistas podem questionar a frequência com que Hodgson levará a campo os XI ideal, já que Cole e Fernando Torres iniciaram apenas 14 e 20 partidas, respectivamente, na temporada passada da Premier League. Sem eles, o Liverpool perde muita força e se transforma num time de segundo escalão.
Comparado aos rivais, os Reds têm um elenco fraco. A falta de opções é tão evidente que mesmo o boato de que o clube tem interesse no polivalente Paul Scharner, ex-Wigan Athletic, não soa ridículo. No momento, Hodgson está limitado a buscar, no máximo, três reforços, e é compreensível que ele prefira jogadores capazes de atuar em mais de uma posição. Caso contrário, as alternativas se limitam a Ngog, aos promissores (mas inexperientes) Martin Kelly e Dani Pacheco, ao irregular Ryan Babel e ao decepcionante Maxi Rodríguez. A dependência num grupo pequeno de atletas contrasta com a fartura de Chelsea, Manchester United, Manchester City, Arsenal e Tottenham Hotspur.
É este contraste o principal problema do Liverpool. Completo, o time pode sonhar alto. Desfalcado, a realidade aponta para uma nova temporada de frustrações.
Provável equipe titular (4-4-1-1): Pepe Reina; Glen Johnson, Jamie Carragher, Daniel Agger e Fábio Aurélio; Dirk Kuyt, Lucas, Steven Gerrard e Milan Jovanović; Joe Cole; Fernando Torres.
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
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